terça-feira, 2 de julho de 2013

TORNAR-SE ESCRITORA



O texto que coloco a seguir faz parte do meu segundo livro Arari´wa: escola na mata[1] que teve como base minha dissertação de mestrado.


O livro conta a história da Reserva Indígena de Araribá no oeste paulista e a “luta” dos indígenas que lá residem para manter sua cultura. A questão escolar é também discutida no livro assim como a legislação nacional sobre o tema.

        

Caminhos da Pesquisa

 

              O exótico deixou de ser distante e o distante torna-se cada vez mais    familiar.   [...] longe de serem obstáculos perturbadores, o multiculturalismo e a plurietnicidade são verdadeiros pilares de uma integração social democrática (Delors, 2003, p. 246 e 249).


Da minha experiência como professora de Artes e Cultura surgiu o interesse de pesquisar a arte e a cultura indígena, particularmente dos índios do Estado de São Paulo. Esse interesse cresceu na medida em que tomei conhecimento da grande diversidade de culturas e povos existentes nesse Estado e do desconhecimento sobre eles por parte da sociedade.
Passei, então, a procurar informações sobre esses povos, suas tradições, línguas, costumes aproveitando também meus conhecimentos em cultura popular e semiótica, buscando apreender mais profundamente essas culturas.
O levantamento das questões legais sobre a temática indígena no Brasil e de como a escolarização se desenvolveu ao longo desses 500 anos de vida nacional foram os próximos passos. Completei as pesquisas com enfoque no Estado de São Paulo onde, além da legislação, busquei a localização dos povos indígenas, as etnias aqui existentes, sua cultura, costumes e línguas. Contextualizando e aperfeiçoando o direcionamento do trabalho cheguei à Reserva Indígena de Araribá, configurando como foco da pesquisa a educação escolar indígena no Estado de São Paulo com estudo de caso na Reserva de Araribá.
Estudar a Reserva foi um processo muito prazeroso, pois, além de conhecer sua história, levantei também a história cultural dos povos que ali habitam e de sua trajetória até se fixarem neste local. Entrelacei a história da construção da ferrovia Noroeste do Brasil com o aldeamento dos Guarani - por Curt (Nimuendaju) Unkel - primeiros habitantes de Araribá no início do século XX, levantei a questão da Lenda da Terra sem Males para melhor entender os costumes desse povo, compreendi a permanência dos Terena e sua função de “professores” de agricultura para os Guarani, levantei o decreto de homologação da Reserva e reconstruí seu mapa, com o auxílio de um geógrafo e, assim, fui construindo a história da Reserva Indígena de Araribá e de seus habitantes.



[1] O livro se encontra à venda na Livraria Cultura ou pelo email: leila@leilagrassi.com.br

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