O termo folclore tem sido evitado por alguns
pesquisadores devido à conotação pejorativa que passou a ter por parte de
pessoas ligadas à comunicação em geral, que usam o termo para indicar
curiosidades perpetuadas pelo povo ignorante ou para torná-lo interesse
turístico como elemento exótico.
Vamos entender como o termo passou a existir e como ele se
transformou.
Quando William John Thoms cunhou a palavra folklore,
em 1846, a Europa do século passado já há mais de 50 anos demonstrava interesse
pela coleta de material que até então era chamando de ‘antiguidades populares’,
o que incluía narrativas, textos de baladas e outras músicas, crendices, etc.
(REILY, 1990, p.2).
Surgiram, então, na Europa e também
nos Estados Unidos, diversas correntes de estudo na tentativa de explicar o
material popular. No Brasil, essa discussão ‘se verifica a partir da ‘crise de
identidade’ da elite acadêmica da época (Reily, 1990, p. 10) – final do século
XIX e início do XX – quando se constatou que a cultura brasileira era
totalmente importada da Europa.
A história da colonização do Brasil
contribuiu para que as populações brasileiras desenvolvessem uma imagem
desacreditada da sua terra. Apenas na década de 1920 é que um grupo de artistas
decidiu, então “procurar reinventar uma identidade brasileira através do
incentivo consciente ao desenvolvimento de uma arte nacional” (Reily, 1990
p.11).
O primeiro grande movimento em
direção a esse intuito foi a Semana de Arte Moderna, em 1922, no Teatro
Municipal de São Paulo, que gerou posteriormente movimentos como o “verde-amarelismo”
e o “Pau Brasil”. Assim como em diversos países da Europa, as manifestações
populares passaram quase imediatamente a exercer a função do que era
considerada a “matéria prima para a construção da ‘arte nacional’, ou seja,
determinaram-se os elementos expressivos da ‘alma nacional’” (Reily, 1990, p.
12).
Antropólogos, educadores, cientistas
sociais, etnógrafos, historiadores, etc. vêm utilizando os termos folclore,
cultura popular, cultura espontânea e até cultura rústica, ao longo do tempo,
com significados semelhantes, apenas em alguns momentos o termo folclore tem
conotação pejorativa.
Esse texto colocado acima está nas páginas 25 e 26
do livro Educação e Folclore: histórias
familiares dando suporte ao conteúdo[1],
onde dados e informações retirados de minha experiência como educadora são
colocados para o entendimento e reconhecimento de nossa cultura e, a partir
disso, a sua preservação e apreciação.
[1] GRASSI, Leila Gasperazzo
Ignatius. Educação e Folclore: histórias familiares dando suporte ao conteúdo.
São José dos Campos, SP: Fundação Cultural Cassiano Ricardo/ Centro de Estudos
da Cultura Popular, 2006.
Parabéns pelo texto, cara professora!
ResponderExcluirGostaria da sua autorização para publicá-lo também em meu blog que trata, dentre outros temas, da temática antropológica.
Grato pela atenção.
Silvio - USC Bauru
Olá Silvio. Obrigada. Pode publicá-lo em seu blog sim.Quanto mais pessoas refletirem sobre o assunto, melhor. Abraços. Leila
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