Houve
um tempo em que crianças na rua era sinônimo de alegria,
divertimento, brincadeiras. Meninos e meninas em correria, gritando, rindo, num
verdadeiro estado de êxtase infantil.
Pois é, sou desse tempo em que correr na rua
não era perigoso, ficar na rua não era proibido, estar na rua era estar em
harmonia com amigos e família.
Brincava de pular corda,
amarelinha, queimada, de diversas maneiras e com várias regras.
Na corda, podia pular
sozinha, batendo e pulando ou com uma amiga na mesma corda. Quando a corda era
grande, sempre tinham aquelas que “batiam” e aquelas que pulavam. A maneira
mais simples era a que contava: 1, 2, 3 e entrava na corda pulando. Só saía
quando errava, pisava na corda ou enrolava-a nos pés.
“Sal, pimenta, fogo,
foguinho” – era outra maneira - a corda começava lenta e ia ficando cada vez
mais rápida...era preciso muita agilidade para não cair. Sucesso total pra quem
ficava em pé!
“Passa um” – a corda batendo, a gente passava
correndo sem pular e gritava Zerinho;
na sequencia pulava uma vez e gritava passa
um, depois pulava duas vezes e gritava passa
dois, e três, assim por diante...
Depois de passar essa
primeira etapa, segue-se com Um Homem Bateu em Minha Porta. Essa
“música”, cantada por todos os participantes, segue enquanto uma criança pula e
faz como diz a letra.
·
Um homem bateu na minha porta e eu abri – entrar na corda
e começar a pular.
- Senhoras e senhores dê uma rodadinha – dar um giro pulando a corda.
- Senhoras e senhores coloque a mão no chão – agachar e colocar a mão no chão sem deixar de pular.
- Senhoras e senhores pule num pé só – pular num só pé.
- E vá para o olho da rua – sair sem deixar “rabo” (não deixar a corda relar no corpo ou na roupa quando sair.
Ganha quem conseguir fazer toda a sequência
sem errar primeiro. Erros de português eram comuns nas brincadeiras todas.
Ninguém se importava. O que queríamos era brincar!
E assim fui menina de rua! Brinquei muito. Tive uma infância maravilhosa numa
pequena cidade do interior.
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