O
meu padre Sant´ Antonio
É
santo de Portugal;
Livra
gente do demônio,
É remédio
contra o mal;
Ele
acha as coisas perdidas,
Aplaca
ondas do mar
E
até metido num poço,
Com
água até o pescoço
Faz
muita moça casar.
(Responso
popular coletado por U. Plentz)
Santo Antonio de Lisboa-Pádua é primariamente santo da Igreja Católica
celebrado na liturgia. Sua vida não foi uma lenda assim como não foram lendas suas
virtudes heroicas. Primeiro ocorreu a canonização de Santo Antônio, o culto
seguiu-a. Depois disso, por várias razões, a devoção popular tomou conta do santo, o folclore se apoderou dele.
Santo das coisas
perdidas, (o santo que procurava os escravos fugidios era o mais antipático
dos oragos – o amarrador, por alusão
aos “capitães do mato”) e o casamenteiro,
este bastante popular.
As moças casamenteiras submetem o santo aos maiores
suplícios na esperança de serem prontamente atendidas: tiram o menino Jesus de
seu colo só devolvendo quando conseguirem a graça pedida; viram o santo de
cabeça pra baixo; tiram-lhe o resplendor; atam o santo com uma corda e
colocam-no dentro de um poço (nos sítios e fazendas ainda é assim que se pede);
e tantos outros “castigos” prévios.
Por associação aos “capitães do mato”, algumas moças
incluem nas suas orações imagens dos grilhões, algemas, laços e nós - objetos que
eram usados para a captura dos escravos fugidios.
Meu Santo Antônio querido,
Eu voz peço, por quem sois;
Dai-me o primeiro marido,
Que o outro arranjo depois.
Meu Santo Antônio querido
Meu santo de carne e osso,
Se tu não me dá marido
Não tiro você do poço.[1]
Também os rapazes pedem casamento:
Meu Santo Antônio,
Eu te dou um vintém
Se tu arranjares
A moça que quero bem
Até processado já foi o Santo. Conta-se que em finais do
século XVIII havia na fazenda Queimadas uma pequena capela de Santo Antônio,
construída por sua proprietária. A senhora deu ao santo padroeiro, muitas
terras e escravos. Passado algum tempo, um dos escravos cometeu um crime de
morte. Santo Antônio, seu proprietário, sofreu então um processo. Foi tirado do
altar, amarrado com cordas e levado à um júri que o condenou a perder seus bens
que foram arrematados por pessoas do lugar.[2]
Se foi verdade ou não, perguntem ao santo que nessa
cumbuca não ponho minha mão!
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