sexta-feira, 13 de junho de 2014

SANTO ANTONIO





O meu padre Sant´ Antonio
É santo de Portugal;
Livra gente do demônio,
É remédio contra o mal;
Ele acha as coisas perdidas,
Aplaca ondas do mar
E até metido num poço,
Com água até o pescoço
Faz muita moça casar.

(Responso popular coletado por U. Plentz)


            Santo Antonio de Lisboa-Pádua é primariamente santo da Igreja Católica celebrado na liturgia. Sua vida não foi uma lenda assim como não foram lendas suas virtudes heroicas. Primeiro ocorreu a canonização de Santo Antônio, o culto seguiu-a. Depois disso, por várias razões, a devoção popular tomou conta do santo, o folclore se apoderou dele.
Santo das coisas perdidas, (o santo que procurava os escravos fugidios era o mais antipático dos oragos – o amarrador, por alusão aos “capitães do mato”) e o casamenteiro, este bastante popular.
As moças casamenteiras submetem o santo aos maiores suplícios na esperança de serem prontamente atendidas: tiram o menino Jesus de seu colo só devolvendo quando conseguirem a graça pedida; viram o santo de cabeça pra baixo; tiram-lhe o resplendor; atam o santo com uma corda e colocam-no dentro de um poço (nos sítios e fazendas ainda é assim que se pede); e tantos outros “castigos” prévios.
Por associação aos “capitães do mato”, algumas moças incluem nas suas orações imagens dos grilhões, algemas, laços e nós - objetos que eram usados para a captura dos escravos fugidios.

Meu Santo Antônio querido,
Eu voz peço, por quem sois;
Dai-me o primeiro marido,
Que o outro arranjo depois.

Meu Santo Antônio querido
Meu santo de carne e osso,
Se tu não me dá marido
Não tiro você do poço.[1]

Também os rapazes pedem casamento:

Meu Santo Antônio,
Eu te dou um vintém
Se tu arranjares
A moça que quero bem

Até processado já foi o Santo. Conta-se que em finais do século XVIII havia na fazenda Queimadas uma pequena capela de Santo Antônio, construída por sua proprietária. A senhora deu ao santo padroeiro, muitas terras e escravos. Passado algum tempo, um dos escravos cometeu um crime de morte. Santo Antônio, seu proprietário, sofreu então um processo. Foi tirado do altar, amarrado com cordas e levado à um júri que o condenou a perder seus bens que foram arrematados por pessoas do lugar.[2]
Se foi verdade ou não, perguntem ao santo que nessa cumbuca não ponho minha mão!


           


[1] Essa trovinha está registrada no Dicionário do Folclore Brasileiro de Luís da Câmara Cascudo onde se pode saber mais sobre a devoção popular a esse santo.

[2] História retirada do livro Santo Antônio Popular, de Frei Ildefonso Silveira, O. F. M.

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