Não,
não é por ser meu pai. Ele é mesmo uma pessoa sábia. Tem sacadas ótimas, tem
ótimo humor, tudo está bom, é alegre, gosta da vida!
Hoje é seu aniversário de 92 anos.
Nasceu a 10 de julho de 1922 em Avaré. Naquele tempo a cidade não tinha
calçamento nem esgoto.
Seus avós e também a família de um tio-avô foram os
primeiros libaneses a chegarem ao município, no ano de 1891 – fato esse
registrado no livro Um pouco da história
do Avaré, outrora Rio Novo, de Jango Pires (Pires, 1952, p. 56).
Imil, meu pai, cresceu vendo a
cidade crescer. Vieram o esgoto, o calçamento, as primeiras escolas, o comércio
melhorava sempre, as oficinas – marcenaria, sapataria, alfaiataria –
prosperavam.
Seu primeiro emprego foi na
sapataria da família. A sapataria já existia quando começou o
calçamento e esgoto em Avaré – mais ou menos em 1936, segundo seu relato. Fazia
o trabalho de ajudante – pregava sola, limpava o lugar, e coisas assim e foi
construindo seu saber. Estudou contabilidade na escola do Padre (Padre Celso),
foi da terceira turma a se formar. Trabalhou no banco durante 40 anos sem
faltar um só dia!
Aos 50 anos começou a jogar bola – futebol de salão e só
parou quando foi “covardemente” empurrado por um jovem na quadra o que lhe
rendeu escoriações no rosto e uma infecção no ombro. Decidiu parar com aquele
esporte grosseiro, ou melhor, onde pessoas tinham atitudes grosseiras.
Passou a jogar tênis – sem contato físico! Várias
gerações jogaram com ele no Centro Avareense e até hoje perguntam por ele na
cidade. Parou com o tênis aos 88 anos mais ou menos quando praticava no Parque
Villa Lobos em São Paulo com pessoas de todas as idades sendo ele sempre o mais
velho.
Caminha MUITO até hoje pela cidade. Dirige seu carro, faz
compras no supermercado, lê bastante todo tipo de literatura e adora discutir
filosofia! Futebol e tênis ele assiste pela televisão atualmente e sabe tudo
sobre os atletas. Tem minha mãe como sua companheira há 64 anos.
Comemorou seu aniversário entre os
filhos e netos. Comeu perna de carneiro assada e disse que “foi o melhor
carneiro que comeu na sua vida” – lógico que foi pra me agradar, a cozinheira,
sua filha! Tomou caipirinha de carambola e depois vinho tinto. Cantamos
parabéns várias vezes durante o almoço e brindamos muito.
Que delícia e que PRIVILÉGIO poder
contar com a presença dessa figura especial, MEU PAI!
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