Minha avó materna chamava-se Jacomina Helena. Nunca era
chamada Helena e sempre Jacomina, tampouco tinha apelido. Nunca entendi o por
que... Era o nome mais feio!!!!! Coisas que não conseguimos explicar sobre os costumes
da sociedade...
Não tive contato muito estreito com ela, morávamos
longe uma da outra, coisa de trezentos quilômetros o que, na década de 1960,
era muito em se tratando de estradas. Os trens, além de demorados, já não eram
tão confortáveis e as estradas de rodagem nem sempre eram asfaltadas. Nossa!
envelheci e nem percebi.
Uma ocasião – essa é a maneira antiga de se iniciar uma
história – ela foi nos visitar e ficou alguns meses por conta de uma enfisema
em uma das pernas. Foram dias difíceis, mas pude conhecê-la melhor.
Não era alegre, nem triste. Talvez pela necessidade de
ficar sentada, em repouso, com a perna para o alto, ficava tomando conta de
tudo e de todos que passavam por ela: “onde você vai”? “vai sair outra vez”?
“com quem vai sair”? Assim ia perguntando para depois fazer o relatório para
minha mãe.
Nunca me importei com essas perguntas, saía e entrava
sempre contando pra ela aonde ia, de onde vinha e assim por diante.
Uma tarde resolveu me ensinar a fazer crochê. “Compre
um tecido para fazer “trutru” que eu te ensino como se faz biquinho de crochê”.
Tecido, linha e agulha, comprei na Casa Chadad, “trutru”
quem fez foi dona Mariquinha. Assim eu tinha o tecido com aqueles furinhos na
volta toda por onde a agulha de crochê entraria para fazer os biquinhos. Ah!
Trutru é como chamávamos o ponto ajour,
não sei bem por que! Fiz um mostruário de diversos tipos de biquinhos.
meu "monstruário" - era assim que chamávamos! |
O dedo indicador da mão esquerda nunca mais foi o
mesmo! Agulha vai, agulha vem e o dedo ficando vermelho, depois ralado, depois
doendo, depois imprestável!
Vó Tumina não era alegre nem era triste, porém tinha
uma enorme paciência pra me ensinar!